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41ª Mostra Internacional de São Paulo
Resenhas e reflexões do Cinema na Mesa, por Juliana Sabbag

A arte de amar

É dirigido por uma mulher, sobre a saga de outra mulher impactante. Trata da revolução sexual na Polônia comunista e de uma ginecologista que lutou anos para publicar seu livro sobre a sexualidade da mulher e a liberdade do uso do seu corpo. A publicação foi atacada pelo partido, pela igreja e pela censura. Uma trajetória marcada, também por um casamento falido, triângulo amoroso e amante, contada pela diretora Maria Sadowska.

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O motorista de táxi

Alguns episódios não podem ser esquecidos jamais. Um deles é o massacre de civis na Coreia do Sul, que foi às telas com o diretor Hun Jang, indicado do país para concorrer ao Oscar. É uma ótima mistura de comédia, drama e ação (com cenas emocionantes de perseguição) pra contar ao mundo a história daqueles que se levantaram contra o cruel regime militar em maio de 1980. Ela só pôde ser contada porque um jornalista alemão, passageiro do táxi, registra a opressão, arriscando a sua vida e a do carismático taxista alheio às questões políticas de seu país, mas que topa a corrida de uma cidade a outra pelo dinheiro. Gosto demais da transformação desse homem, que tem um arco dramático muito bem construído. No fim, ele acaba por perceber que a luta pela democracia não é em vão e que precisa de todos nós. Mais um exemplar da força do cinema sul-coreano! Pra ver e se emocionar.

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Custódia

O filme de Xavier Legrand é um assombro. Atenção: Se não quiser spoilers não siga a leitura. Não à toa levou melhor direção e melhor primeiro filme em Veneza. Sabe aquele roteiro, sob tensão constante, que vai crescendo aos poucos, revelando os personagens e desconcertando todo seu pensamento? Então, esse filme é assim. Você começa desconfiando de um discurso (quase pronto, clichê) sobre violência doméstica de uma mãe e seu filho de 12 anos, só pra descobrir que o clichê não é clichê. Ele está lá escancarado porque ainda é assim e acontece aos montes. Um soco. A direção em conjunto com o roteiro e atuação (em especial a do garoto Julien,impressionante) elevam Custódia ao patamar dos grandes dramas e suspenses sobre família. Nota 10!

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A sombra da árvore

Indicado da Islândia ao Oscar, é um daqueles filmes desconcertantes, que é de terror, mas em que os monstros somos nós mesmos? Fala sobre o lado sombrio de todos nós, nossa natureza selvagem. São duas histórias que correm em paralelo: a briga entre vizinhos e a separação de um casal. Mas o pano de fundo é mesmo a agressividade humana velada, descontrole e nervos à flor da pele que vêm numa crescente, com uma sucessão de acontecimentos cheios de humor negro e muita crítica de costumes. Não dá para dizer mais sem dar spoiler, mas se tiver a chance, vá assistir! As imagens vão grudar em você!

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The Square

Levou a Palma de Ouro em Cannes e seu diretor (Ruben Östlund) já havia impressionado o público com "Força Maior". Era então de se esperar a grande euforia pra conferir seu novo longa. Ousado, crítico, político e repleto de humor ácido, "The Square" é um filmaço, foi um dos grandes lançamentos da Mostra de Cinema. Me lembrou "Toni Erdmann" com suas situações bizarras, com o estranhamento que gera na gente. É tão bom quanto esse alemão--inteligente e bem humorado, na medida entre drama e comédia, trabalhados numa fotografia magnífica, com enquadramentos e ângulos à serviço da narrativa. Suas questões são profundas, escancaram as fissuras e o vazio da sociedade atual, como também lidam criticamente com os excessos do mundo da arte contemporânea e o absurdo do "politicamente correto". E mais: a elegante versão da 'Ave Maria' de Gounot, vai grudar em você e fazer desse filme uma experiência singular.

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Félicité

Tem uma fotografia incrível, que caminha com a narrativa, num tom ora sonhador e ora de uma dura realidade. Percebemos a aceitação no silêncio da protagonista, a congolesa Véro Beya Mputu, uma mãe que trabalha como cantora para conseguir pagar a operação do filho. Ao mesmo tempo, ainda se vê nos seus olhos o suspiro de uma tal felicidade. E ela chega nos momentos mais impactantes, as passagens musicais. A primeira hora do filme arrebenta e se aproxima de uma obra-prima. Uma pena que da metade pra frente o roteiro se perde um pouco, torna-se repetitivo, e não tem o mesmo brilho. Nota 7.

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